sábado, 26 de fevereiro de 2011

Moacir, 1723



É na Rua Moacir o endereço de um grande movimento no dia-a-dia de umas férias de verão. É numa casa vermelha de madeira que se reúne uma família onde os membros moram longe um do outro e apenas se encontram no veraneio para conviver e matar a saudade.
            A casa já existe há mais de cinqüenta anos e sempre foi o local de encontro dessa família de descendência italiana.
            Irahy e José são os avós da família, pai de quatro filhos que geraram 11 netos.
            O casal é um dos veranistas mais antigos da rua em que seus filhos se criaram junto com os filhos de seus vizinhos e os netos juntamente com os filhos dos amigos de seus pais.
            Na casa vermelha todo o dia é a mesma função. Uns se acordam mais cedo para ir à praia, outros ficam dormindo e só se acordam para o almoço, ainda de mal-humor.
            Outros saem para caminhar e se esquecem da vida, o que sempre atrasa o almoço de todos, menos o da avó, que há esta hora já foi sestear.
            Na hora em que esta família se reúne é só alegria. É sempre com reuniões em volta de uma mesa, cada um contando suas novidades e disputando a atenção dos familiares todos ao mesmo tempo. Quem vem de fora, tem a impressão ao ouvir aquela gritaria, de que todos estão loucos ou brigando, mas mesmo discutindo e disputando quem fala mais alto, todos estão felizes e se dando bem.
            Logo após o almoço a campainha já começa a tocar, as crianças e jovens vão se encontrar com os amigos, onde passam praticamente o dia na rua. As crianças brincam, e os adolescentes conversam sentados, no muro de algum dos prédios da Moacir e ali se esquecem da vida e de muitas vezes dar satisfações aos seus pais de onde estão. O que gera aflição em toda a família que sai desesperadamente, um para cada lado a gritar pelo nome de quem desapareceu.
            Os adultos na parte da tarde se deitam ou assistem televisão, enquanto o avô reza seu terço e dá uns cochilos no varandado. Quando a avó se levanta da cestea, todos os seus filhos (já adultos) vão para perto dela e a acompanham na sua “mandia” (lanche).
            Geralmente, na hora da janta é uma função. Principalmente quando estão todos dentro da casa vermelha. Pois não tem espaço para todos na mesa. Aí primeiro vai os mais velhos enquanto os mais jovens ficam esperando. A não ser quando é domingo ou se tem algum motivo importante para comemorar, como o aniversário de casamento dos avós, aniversário de alguém, ou simplesmente quando um dos membros chega, ou de despedida para outro que vai embora. Tudo ali é motivo para se reunir de preferência ao redor de uma churrasqueira, com um bom assado, feitos pelo avô, ou pelo seu neto mais velho, ou por algum de seus genros ou filhos.
            E essa é a hora que parece que todos os adultos se juntam para falar de cada neto e de seus problemas. Cada um dá seu palpite, o que sucessivamente, gera discussão, e sempre algum sai irritado porque todos se juntaram contra ele. Mas uma hora depois ninguém mais tem mágoas, já estão todos rindo e implicando um com o outro novamente. Depois da janta, sempre tem as cantorias. Um pega o violão, outro o pandeiro, outro o saxofone e ainda vem outro com piston. É uma linda “orquestra moderna” onde a família se alegra e canta junta as mais variadas melodias. Aonde os vizinhos chegam a parar na janela e na frente da residência para assistir a festa da casa vermelha.
Naquela casa todos sabem de quase tudo o que acontece com todos os membros. Mas nem todos sabem que os avós sabem de tudo também. E tudo o que ocorre na rua, também é motivo de longas conversas e reuniões no varandado.
            À noite, uns vão para o centro, para a Igreja, outros assistem televisão, ou conversam no varandado com alguma visita que sempre aparece, enquanto durante essas visitas sempre tem alguém que fica escondido.
            As crianças seguem na rua brincando com os amigos, e os jovens seguem passeando, ou novamente, embaixo de algum prédio, combinando sobre a festa que vão de madrugada. Instantes depois vão dar o ar da graça em suas casas para aproveitar um pouco a família e pra alinhavar a festa de mais tarde. Nisso, uns conversam, outros passeiam com os familiares, outros se juntam com José e ficam jogando carta com o avô.
            Perto da hora da festa é aquela discussão toda pra definir quem vai levar e buscar. Todos dão opinião. Uns já querem proibir a festa para não haver incômodo, outros defendem os baladeiros de plantão. Até que decidem levar e buscar os seus filhos na festa. Aí os netos de Irahy e José, vão até seus quartos para se arrumar. Quando prontos, toda a família comenta sobre a roupa, cada um com um palpite e dando as  mesmas recomendações sempre.
            No dia seguinte, todos querem saber como estava a festa. E o avô e uma de suas filhas comentam que não dormiram a noite inteira de preocupação. Mas os netos os acalmam, para garantir a festa na noite seguinte.
            E é assim que funciona o verão na casa vermelha. Muito movimento, muita gritaria, muita conversa, muito passeio, e muito amor. É a época do ano de maior alegria de Irahy e José, onde conseguem reunir seus filhos, genros, noras e netos num mesmo local para juntos passar mais uma temporada inesquecível na vida de todos.
            Durante todo o ano não existe alguém daquela família que não espere ansiosamente, pelo verão, para reencontrar seus familiares e viver momentos de pura alegria, onde cada um quer fazer uma coisa diferente, mas que mesmo assim não abrem mão de estar juntos. E que apesar de ter mais trabalho doméstico que o normal, não abrem mão de um almoço em família saboroso, tradicional e muitas vezes rotineiro bife com molhinho. Ninguém quer perder por nada o veraneio junto com a família, sendo considerado uma prioridade por todos os membros, passar pelo menos alguns dias na casa de Irahy e José.
Perto do Ano Novo é que começa o grande reencontro. Que tem seu fim, uns dias depois do carnaval, onde cada um volta para a sua cidade para mais um ano de trabalho. E é na hora da despedida que todos veem o quanto se amam, e então valorizam e agradecem a Deus por mais um veraneio em família. É uma choradeira, troca de abraços e beijos. Todos já com muita saudade do tão esperado verão. Até o cachorro se entristece. Mas todos prometem seguir mantendo o contato e tentando fazer visitas durante o ano para aliviar a saudade.
Momentos como esse não tem fim, pois enquanto tiver alguém para recordá-los e lutar para que eles sigam existindo sempre haverá esse amor e união entre os familiares.
            A família mesmo com a distância se mantém unida, e o ápice dessa união tem endereço mais que confirmado: Casa Vermelha da Rua Moacir, 1723.
            E é assim que acontecem os melhores verões da minha vida e que durante o ano, conto os dias para que esta época chegue logo.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Sabia?!

 
 
Sabia desde pequena que certas coisas são assim, certas coisas são pra sempre, certas coisas tem sua lógica para acontecerem, certas coisas não se explicam. Simplesmente elas são assim porque são...
Sabia que sempre iria ter o apoio, a passada de mão por cima da cabeça, o da próxima vez, o conta comigo para sempre...
Sabia, sabia, sabia...
Sabia de tudo e bem nesse verbo, conjugado no pretérito, no passado, mostrando que agora no presente, a verdade é que não sei de nada. Só sei que dúvidas surgem, inseguranças aparecem, medos chegam. Mas todos esses males vem acompanhados de uma palavra: esperança!
E é essa esperança que tira o meu sabia do passado (não totalmente), mas que o coloca com uma interrogação no final:
Sabia? que tudo sempre dá certo.
Sabia? isso acontece com todo mundo.
Sabia? nem tudo que parece é.
Sabia? tudo um dia se acaba.
Sabia? a distância e o crescer afastam.
Sabia? você ainda vai olhar para trás e vai pensar: "Eu sempre soube que seria assim!"
E esse saber carregado de interrogação se transfigurará em certeza, em firmeza, em vida, em exclamação.
Eu sabia! Tudo deu certo.
Eu sabia! Era isso que tinha que fazer.
Eu sabia! É cedo para se lamentar.
Eu sabia! Bem que te avisei.
Eu sabia! A vida é linda.
Sabia,
Sabia?
Sabia!
Saber mesmo, não sei de nada. Só sei que é preciso estar atenta ao que vem por trás das vírgulas da vida, desafiar as interrogações para que, algum dia, possa exclamar com a certeza que o que eu fiz valeu à pena e que eu realmente SEI alguma coisa.

domingo, 28 de novembro de 2010

Quem cria, desafia!



O mundo é exigente por novidades, inovações, ousadias. E as pessoas cada vez mais devem ter idéias para atender essas exigências.
É assim que a criatividade se faz necessária.
Mas afinal, seria ela um dom, que apenas alguns possuem? Ou seria ela, uma qualidade que está em todas as pessoas, mas que só alguns a descobrem?
Ser criativo é ser atento, é ser curioso é desviar de tudo aquilo que é comum ou normal. Ou melhor, é ver no normal algo novo.
Ser criativo é ter coragem, é saber que está fazendo algo novo e que haverá impacto de alguma forma na vida de outras e mesmo assim torná-lo público.
Por isso que digo: quem cria, desafia. E como eu admiro pessoas criativas...
Criar, inovar, fazer diferente é uma tarefa difícil num mundo moldado e muitas vezes embalado.

Escrever...

 
 
"Escrever é uma paixão, um meio, um futuro baseado numa vida toda. Nós, escritores, escrevemos pelo prazer de escrever, sem se preocupar com quem lerá ou se ao menos vão ler, mas pelo menos nós dizemos. Nós mostramos ao mundo que nesse silêncio todo ainda existem vozes gritando".

Identifico-me com esse pensamento escrito por Bruna Miranda.
Escrever é uma paixão!
Paixão que vicia, que instiga, que alivia, que sustenta, que satisfaz!
Se nesse momento, eu tivesse que escolher em quem dar um abraço, com certeza seria na brilhante pessoa que inventou as letras.
Elas são apaixonantes, complexas, significativas, atrativas, dignas de atenção.
Quem nunca quis saber o que dizia num papel, se empolgou ao ler uma mensagem, um bilhete, uma carta, uma notícia?
Além das palavras está o sentimento, a curiosidade, o querer saber mais, a identificação.
Escrever é muito mais que pegar uma caneta e colorir com letras uma folha em branco ou digitar algumas palavras.
Escrever é uma arte! É um prazer! É alegria! É tristeza! É sentimento! É emoção! É fofoca! É, é e é!!!
Suspeita para falar, apenas mais uma amante das letras.
Mas que com prazer as uno em palavras e frases, constituindo assim, a família chamada texto, a que me alimenta e satisfaz a alma, a mente e o coração.
O amor que virou trabalho... O trabalho que virou paixão!

Oi!

Oi Pessoal,



Criei esse novo blog para postar aqui alguns textos, pensamentos, reflexões e opiniões sobre diversos temas.
"E te digo mais!" é uma forma que encontrei de passatempo, lazer e desabafo... Como toda pessoas que gosta de escrever, nada melhor que ter como hobby um lugar para postar e interagir com as demais pessoas.
Sejam Bem Vindos e obrigada pela visita!